Caros amigos:
Decidi publicar estes artigos, com o único propósito de alertar para "esquemas pouco claros onde só alguns lucram". Como vosso amigo sinto que cumpro a minha obrigação, para que não venham a despender o vosso tempo e ás vezes precioso dinheiro, até ao dia em que as autoridades investiguem.
Outro negocio (?) estranho.
Obrigado Rui Marçal, pelo esclarecimento...
Os Lazy Millionaires são um pessoal que se juntou para lucrar com negócios estranhos. Cheguei a eles através de anúncios com um design duvidoso na web. O que me chamou a atenção foi o nome: "milionários preguiçosos". Que cena mal escolhida. À partida, isto rebenta com qualquer credibilidade, mas decidi perceber como funciona.
O primeiro perfil que encontrei no Facebook foi o da Paula Garcia, que pagou para publicitar: “Aprenda Como Pessoas Comuns Estão a Lucrar $1.000 Por DIA e a Viver em Paraísos Exóticos Ensinando Outros a Ganhar +$500 Por SEMANA em Tempo Parcial a Partir de Casa.” Dica: vender produtos/serviços em dólares em Portugal é um óbvio sinal de marosca. Vá lá, tentem não fazer copy-paste sem pensar. Isto para não falar dos mil dólares por dia sem sair do sofá. Não tornem tudo tão fácil, senão qualquer um percebe que isto traz água no bico.
Nada me convencia, nem os vídeos dos Lazy. Por isso, decidi falar com o comandante — o Sílvio Fortunato. Também ele pagou ao Facebook para publicitar a sua página. A primeira coisa que podemos ver na página do Sílvio são os agradecimentos e as ofensas. Desde “mudou a minha vida” a “filho da puta (…) ainda me deves 625 euros”. Para ele, as críticas são normais, porque “se fizermos coisas diferentes, temos resultados diferentes da maioria”.
O Sílvio começou por me confessar que já teve alguns negócios ruinosos e que num deles até perdeu 200 mil euros mas que, nisto dos negócios, “nem sempre se ganha”. Contudo, acrescentou que na Lazy a lógica é diferente: “Cada pessoa é a sua própria empresa.” As pessoas podem trabalhar em full-time ou em part-time, mas no fundo “cada um tem o seu negócio”. Existe uma “filosofia de trabalho” de venda de produtos que oscilam no valor de custo entre os 25 e os 3500 dólares. Em tudo isto a EmPower é apenas uma ferramenta de trabalho, um parceiro.
Para se entrar na Lazy é preciso fazer-se um investimento de cerca de 75 dólares: 25 (preço de um blogue + servidor) + 19,95 (fee para a empresa) + 29 (backoffice de apoio da Lazy aos Lazys). Inicialmente, dizem-nos que este é um emprego em que o trabalhador recebe 100 por cento das comissões. Simplesmente, tal não é verdade. Até às seis primeiras vendas, estas serão repartidas entre o patrocinador (aquele que nos trouxe para o esquema) e o vendedor. Portanto, as comissões correspondem a 100 e a 0 por cento, alternadamente. O resultado é 50 por cento do que se vende, obviamente. E esta relação piramidal existe em toda a estrutura: é a base vendedora que dá os lucros ao topo e há sempre alguém acima de nós e a quem devemos metade do que fazemos. Alguns acham isto “magia”.
Um parvalhão a explicar a “magia”.
Segundo o Sílvio, existem duas subscrições. Uma de 25 dólares e outra de 100 dólares, que devem ser pagas todos os meses e que contêm os produtos específicos a comprar ao longo do percurso. Para ele, esta é uma empresa de afiliados, uma empresa multiplataforma, porque “tem um produto final, caso contrário seria como o jogo da bolha”.
Mas, afinal, quais são os produtos que a Lazy e a Empower NetWork vendem? Por 500 dólares podem ter acesso a uma gravação “feita ao vivo e gravada com o top dos tops do 'internet marketing'”. Por mil dólares, podem ter um “curso” que ensina as “técnicas mais avançadas” para gerar contactos e fazer publicidade na internet. Se investirem 3500 dólares, terão um “curso” que corresponde a uma “formação sobre liderança e internet marketing”. Isto não são bem produtos, mas não estranhem: neste tipo de empresas é tudo anormalmente caro, tal e qual como os cremes da Avon, os snacks nutritivos da Herbalife ou os filtros de água da Hoken.
Raríssimos são os blogues vendáveis (experimentem ver os blogues que nos apresentam), mas para o caso isso até é irrelevante. Como a EmPower refere no seu site, o importante é a entrada de “pessoas comuns” e as mensalidades de 25 ou 100 dólares que pagam. Não havendo produtos, “os nossos contactos passam a ser o nosso negócio”, como diz o Sílvio. Felizmente, não há empresa que perdure no tempo desta forma.
O sucesso destas empresas está limitado às novas admissões. São estruturas piramidais, com insucesso declarado para quase todos, sobretudo para os que estão na base. Quem pode ganhar algo com isto são os que estão no topo desta “brincadeira”. E não, não são pessoas incomuns, são burlões que curtem lucrar com os enganos sucessivos. Tanto faz que lhe chamem esquema Ponzi ou jogo da bolha, não resulta e é burla.
Miguel Gomes Rocha · FollowFollowing
Rui, parece que bateu no vespeiro, é vê-las a sair e mortinhas por ferrar! É indubitavelmente um esquema em pirâmide que vive das novas entradas. Deve ser denunciado às autoridades internacionais imediatamente, para que mais ninguém sofra na pele o que estes pobres já sofrem.
Sem comentários:
Enviar um comentário